quinta-feira, 24 de junho de 2010

A menina que acredita em sonhos (Parte 3)



A ferida feita pelo garoto realmente havia cicatrizado. Mas por mais estranho que parecesse, a garotinha ainda sentia dor. Ela sabia que o ocorrido havia a ensinado muitas coisas, e que agora ela já não era uma garotinha como antes, sabia o que queria e sabia com o que devia se preocupar. Sentia muita dor e com sua nova maturidade sabia exatamente porque doía tanto. A dor que ela sempre sentiu não foi pelo corte. Na verdade o corte mal incomodava, comparando com a dor da perda de um amigo que ela gostava tanto. Ela já não o culpava mais pelo machucado, pois viu que ele se preocupava com ela quando voltou. Mas ela sabia de uma coisa que o garoto mesmo não sabia. Sabia que por mais que o garoto negasse, ele gostava de ficar ao lado dela. E confirmou isso quando voltou. Se ele não se importasse realmente, porque voltaria à cena do crime para ajudar a vitima? Talvez porque ele não tenha a intenção de machucá-la tanto. Ou porque ele não queria se machucar tanto. Porque ele também sabia que uma amiga como aquela ele não encontraria, mas não admitia isso para si mesmo. Orgulho, talvez. Medo, quem sabe? Ou insegurança, por achar que a garota não o perdoaria pelo corte, mas ele mal sabia que o que a garota mais queria era que ele voltasse. A garotinha então começou a vigiar o garoto. Mandava os pássaros atrás dele para ver se estava bem. E quando descobria que ele estava triste, ficava pior anda.

Ela sabia que o garoto estava fazendo o que achava melhor, e já tinha se acostumado a sofrer, mas não conseguia vê-lo sofrer também. Achava injustiça. Se alguém tinha que sofrer, que fosse ela. Até que o garotinho percebeu a falta que ela fazia. Ele não ria mais como eles riam juntos. Ele não brincava como brincava com ela. Ele não se divertia longe dela. Decidiu que iria voltar. Mas voltar assim, depois de tudo feito? Ele resolveu arriscar. Que tal recomeçar tudo? Foi o que propôs para a amiguinha. Ela, nem ouviu o que ele disse, ficou tão feliz quando o viu que não via sem ouvia mais nada, só olhava ele e não acreditava que ele realmente tinha voltado. A ferida, nem marcas haviam deixado, sumira completamente. A garota às vezes sentia uma dor ao pensar que o garoto poderia ir embora a qualquer momento novamente. Mas acreditava que ele ficaria. Agora ela acreditava nele. E tinha a certeza de que estava bem melhor ao lado dele.

Continua. . . (?

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