quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amor - Trecho da Palestra


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Porque você ama ele? Você sempre ama aquela que não está nem aí pra você, aquela pra quem você mandou flores e ela deixou à seco. Ama aquele galinha, cafajeste, que fica com você olhando pra outra que está passando ao lado.

A gente costuma muito ouvir nas historias de amor sobre alma gêmea, cara metade... acredito em tudo isso como sendo um mito. E esse mito nos faz acreditar que a pessoa ideal vai chegar e vai resolver todos os nossos problemas. Mas acontece que nós nos conhecemos, mas o outro não nos conhece, e isso faz com que ele nos imagine, e ele imagina a pessoa ideal, sem defeitos, perfeita aos seus olhos. O que o faz se decepcionar depois, pois como o nome já diz, ideal só existe na idéia.

Então não devemos procurar a pessoa ideal, mas sim a pessoa certa. E a pessoa certa é aquela com defeitos e qualidades, e a soma disso tudo é o que faz você se apaixonar por ela. O ‘certo’ também diz respeito ao que é verdadeiro. Então o amor certo, o amor verdadeiro só vai chegar até nós quando pararmos de procurá-lo, quando pararmos de idealizá-lo.

Enquanto as pessoas estiverem imaginando príncipes montados em cavalos brancos e princesas indefesas presas nas torres, vão estar perdendo o melhor da vida. É isso tambem que diferencia também o amor da paixão. A paixão sobrevive de idealizações, e o amor sobrevive de realidades. A paixão sobrevive de prazer, o amor sobrevive de desejo. Paixão é por pouco tempo, amor é pra vida inteira.

Além do mais, amor não se procura. Não é como por um anúncio no portão escrito "Há Vagas". Amor é aquela coisa que você só acha quando não procura. E quanto mais procura, mais passa longe. Ele te pega um dia enquanto caminha na rua distraidamente e da um esbarrão em alguém, e pronto: talvez seja amor. E isso não vai acontecer na tv. Nem por um site de relacionamentos. Nem por um anúncio no jornal. Não vai ter a troca de olhares, não vai ter o descompromisso de rolar ou não, de gostar ou não.

Então, onde está o amor? Há muitos que digam que o amor está morto nas pessoas. Em parte, eu concordo com isso. As pessoas matam o amor, o significado de amor hoje em dia é simplesmente ‘sexo’. O amor está tão morto nas pessoas como Deus também está. Pois a verdade é que nós matamos Deus. Mas se procurarmos bem, o amor está onde sempre esteve: dentro de cada ser humano. Só que infelizmente hoje em dia é difícil ver alguém que consiga expressá-lo sem medo, incondicionalmente. Talvez porque já estamos cansados de tanto sofrimento. Porque o amor também está associado ao sofrimento. Mas não podemos sentir o perfume da rosa sem antes passar pelos seus espinhos.

Dentro de nós, o amor está realmente morto. Mas talvez ele esteja do lado de fora, tentando entrar, tentando encontrar algum buraco em meio ao nosso orgulho, ao nosso medo de amar. Medo de errar. Medo de sofrer. Assim como Deus também está tentando entrar no nosso coração. Fazer morada em nós. Mas a verdade é que um só pode entrar se estiver na companhia do outro.

Deixe o amor entrar. Deixe Deus entrar e mudar a sua vida; ele lhe fará enxergar. E então você poderá ver que o amor nunca te deixou.

Carolina Barros de Souza

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